Meus amigos, hoje eu vivi mais um momento mágico em minha vida. Fui formalmente apresentada ao Daniel.
Pensei: Meu Deus, onde esta a minha criança? Para onde foi a minha criança? Naquele adulto que hoje é meu filho, que têm uma namorada, quem sabe logo terá um sogro e sogra, emprego, contas para pagar, não encontro de modo nenhum a minha criança. É um homem, não mais aquela criança que me recordo.
E então um belo dia, sem gestação ou parto posso já imaginar em meus braços o Daniel. Completamente grátis. Braços estendidos pedindo colo. Choro de criança. O tumulto da presença infantil ao meu redor. Aquela criancinha, longe de ser um estranho, é um menino que me é "devolvido".
Sim, tenho certeza que a vida nos dá esses presentes para nos compensar. São amores novos, profundos e felizes que vêm ocupar aquele lugar vazio, nostálgico, deixado há muito tempo...
No entanto, imagino que nem tudo sejam flores pelo caminho. Há, acima de tudo, a rival: a mãe (Fernanda).
Não importa que ela seja sua filha ou sua sobrinha. Não deixa por isso de ser a mãe desse presente. Sei que, nas suas posições respectivas, a mãe e a tia/avó representam, em relação ao bebe, papéis muito semelhantes ao da esposa e da amante dos triângulos conjugais.
A mãe tem todas as vantagens da domesticidade e da presença constante. Dorme com ele, da comidinha, banho, veste, embala de noite. No entanto tem contra si a fadiga da rotina, a obrigação de educar e o ônus de castigar.
Já a tia/avó, não tem direitos legais, mas oferece a sedução do romance e do imprevisto.
Mora em outra casa. Leva presentes. Faz coisas não programadas. Leva para passear, "nunca da bronca". Deixa lambuzar de doces. Não tem a menor pretensão pedagógica. Pode vir a ser a confidente das horas de ressentimento, o último recurso nos momentos de opressão, a secreta aliada nas crises de rebeldia.
Uma noite passada em sua casa vai ser uma deliciosa fuga à rotina, e deve ter todos os encantos de uma aventura. Lá pode não haver linha divisória entre o proibido e o permitido. Dormir sem lavar as mãos ou escovar os dentes,(nossa!!! sem escovar os dentes será o máximo da transgressão, afinal pai (Fernando) e mãe (Fernanda) dentistas...) recusar a sopa e comer batatas fritas, tomar coca cola, mexer no armário da louça, fazer trem com as cadeiras da sala, destruir revistas, derramar a água do Fidel e da Lola, acender e apagar a luz mil vezes se quiser e até fingir que está discando o telefone.
Riscar a parece com o lápis dizendo que foi sem querer.Fazer birra aos gritos e, em vez de apanhar, ir para os braços da tia/avó e de lá escutar histórias com finais felizes.
Imagino como será quando for embalar o Daniel e ele, tonto de sono, abrir um olho, reconhecer-me, sorrir e dizer: "Tia", meu coração parece explodir de felicidade só de imaginar.
Imagino o misterioso entendimento que deve existir entre tia/avó e sobrinho, na hora em que a mãe o castiga, e ele olha para você, sabendo que, se você não ousa intervir abertamente, pelo menos lhe dá sua incondicional cumplicidade e apoio... .
Acho que sua maior rival não será necessariamente a mãe...rs
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