Interesses, sonhos e necessidades. Hoje me lembrei de um sonho. Sonhei quando jovem estudar na USP. Queria fazer Filosofia Pura. Li Sócrates “tudo o que sei é que nada sei” e identifiquei-me. Acreditei que a Filosofia me traria o saber.
Mas a vida foi passando, outras formas de conhecimento fui assimilando e hoje “tudo que sei é que nada sei”...
Fatos como os de ontem levam-me a pergunta inevitável, e o meu sonho? Será o mesmo sonho dos jovens de hoje? E os interesses? As necessidades? Serão as mesmas ou será que apenas o tempo passou? Nada mudou?
Pensei também nos direitos de todos, direitos expressos na Constituição. Afinal a Constituição, não é uma lei como as outras, é uma lei fundamental da nação.
Onde ficam os direitos? De ir e vir? De manifestação? E os ideais? E o patrimônio, que dizem ser público? Direito, direito, direito... Em nome do Direito tudo é permitido? Até mesmo a violência? Quantos questionamentos...
Hoje posso dizer apenas que foi muito bom acalentar um sonho, mesmo que tenha sido impossível torná-lo realidade. Fez parte do meu tempo, da minha juventude, dos meus anseios. Mas o que se passou? Nada apenas o tempo.
E claro que sabemos que a chave para conseguir um bom emprego é ter nas mãos um diploma universitário, mas a que preço? A dificuldade de acesso à rede estadual unida à necessidade de trabalhar durante a graduação, a vontade de uma rápida inserção no mercado e o grau de dificuldade da prova são algumas das razões que me arrisco pontuar. Razões que levam muitos a sonhar apenas.
Mas acredito que ainda há tempo para os nossos jovens. Tempo de transformarem os sonhos e ideais em realidade. Apenas precisam rever o preço a se pagar.
Se eu disser que o governo errou, invadindo de forma truculenta o campus e agredindo alguns jovens, dirão que faço parte dos sindicalistas, pelegos, com a intenção de envolver o governo de José Serra, às vésperas das eleições de 2010. Alguns até profetizarão que teremos mais manifestações como essas, daqui para frente. Mas se disser que os alunos erraram, dirão os petistas de plantão que estou sendo opressora, que não compactuo de uma ideologia, enfim...
Quem será contra se eu disser que não sou favorável a violência? Será esta a melhor forma de coibir as manifestações dos nossos jovens? Será esta a melhor forma de alguns sindicalistas manifestarem as suas ideologias? Mais questionamentos...
Acredito que a Universidade pode melhorar sim, ficando fora de tudo isso. Acho importante imprimir algumas ações, entre elas desenvolver um bom relacionamento com o mercado de trabalho, definindo onde investir, em quais cursos, o que e quando inovar. Isso parece o mais importante.
Hoje, por exemplo, poucos se arriscam em pagar a taxa de inscrição que não é uma das mais baratas. Ano passado foi de R$ 105,00, mais R$ 10,00 do Kit.
Bem, precisamos (sociedade) repensar o posicionamento deste “templo do saber”. O que houve ontem no campus da USP no mínimo me causa indignação.
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